sexta-feira, 4 de março de 2011

Origens e Comemorações do Carnaval


A origem do Carnaval se perde na história da humanidade, tendo sido criado em épocas e civilizações muito antigas, tendo suas comemorações advindas de diversas crenças e costumes de vários povos. As festas atuais são evoluções desses festejos antigos, adaptadas à cada contexto específico. Suas maiores influências são de povos que já influenciam as culturas populares nas mais diversas épocas. Para esta exposição, uso o excelente opúsculo do Rev. Salvador Moisés Fonseca, profundo estudioso e professor do Instituto Bíblico Eduardo Lane (IBEL), em Patrocínio/MG, onde estudei em 2000 e 2001.

1. No Egito Antigo – Em tempos remotos o Egito festejava suas grandes divindades, o boi Ápis e Ísis, com grandes celebrações populares. Nestas o povo participava com procissões e oferendas, músicas e danças, num misto de devoção e euforia coletivas, prestando homenagem a essas divindades tão estimadas. Especificamente na festa ao boi Ápis, os egípcios pintavam um boi branco com vários símbolos e cores, o cotejavam festivamente pelas ruas, com toda a sociedade egípcia fantasiada ou mascarada e em grande devassidão, até que finalmente no rio Nilo afogassem esse boi. E a deusa ísis também era homenageada com folguedos populares, com pompa, devoção e euforia dos seus adoradores.

2. Na Grécia Antiga – Os gregos foram a civilização mais intelectual do mundo antigo, não só criando e desenvolvendo uma cultura nova, como também assimilando e reformulando conceitos e costumes de outros povos. Em matéria de costumes religiosos eles criaram e viveram em função de uma mitologia tão diversificada que não havia nada no seu cotidiano que não fosse regido por uma divindade específica. E nessa diversidade de crenças e celebrações, algumas divindades tinham seus cultos que consistiam em festins de grande euforia popular, como no caso do culto a Dionísio, considerado filho de Júpiter. Dionísio era o deus do vinho, e em sua homenagem o povo bebia e se embriagava, saía em grandes procissões com toda sensualidade e devassidão.
 
3. No Império Romano – O Império Romano, englobando muitas nações com seus vários costumes, sintetizou muito deles em certas comemorações novas, ou apenas adaptou os mesmos para sua mentalidade ou interesses próprios. É por isso que os deuses da mitologia antiga têm nomes gregos e latinos. A Roma antiga, era cheia das muitas diversões para agradar a todos, e assim tinha seus muitos 'carnavais'. Deu outra forma à crença e comemoração gregas a Dionísio, transformando-o em Baco e celebrando-lhe os famosos 'bacanais'.
 
Em meados de dezembro realizavam-se as 'Saturnais' que eram festividades a Saturno, que segundo a crença geral era o deus expulso do Olimpo, tornando-se o doador da alegria, em contraposição à miséria e pobreza, tão comuns na sociedade daquele tempo. Em fevereiro celebravam as 'lupercais', que eram cortejos dos sacerdotes do deus Pã, chamados 'lupercos', que despidos e sujos de sangue agitavam as multidões. Em março comemoravam com grande algazarra a festa ao deus Baco, os conhecidos 'bacanais' romanos, que possivelmente eram a maior celebração popular antiga, em que seus participantes embriagados cometiam todos os devaneios possíveis. Nessas festas os participantes, tais como os Indus, usavam máscaras e invocavam seus antepassados mortos e lhes celebravam homenagens. Em todos esses festins o Império Romano praticamente parava, para que o povo ficasse por conta das comemorações. As diversas classes sociais se misturavam desfazendo-se as desigualdades, a ordem pública era quase abolida, escolas, tribunais e repartições públicas do governo fechavam suas portas, e a imoralidade e libertinagens outras ficavam liberadas. E como se usava máscaras e fantasias, era difícil identificar os participantes!

Nesta celebração, abolia-se a decência e o povo extravasava suas euforias sufocadas pela moral de outras épocas do ano, escarnecia-se das realidades gerais do seu cotidiano, e numa total liberdade de expressão física e verbal, sem restrição alguma, dramatizava e até ridicularizava tudo que era considerado motivo para farras. Acredita-se que a origem dos carros alegóricos seja a maneira de ridicularizar os carros dos generais romanos e suas entradas triunfais após grandes vitórias militares...
 
Como Roma influenciou tantos povos e culturas, o seu Carnaval foi exportado para grande parte do mundo, sendo celebrado em cada lugar com os estilos próprios dos povos que o incorporaram no folclore local. E no decorrer da história, mesmo com o advento do Cristianismo, o Carnaval não foi abolido das celebrações anuais, mesmo que autoridades eclesiásticas de grande expressão como Tertuliano, Cipriano e Clemente de Roma se opusessem a tal costume, o Carnaval continuou e chegou inclusive a ser incentivado e patrocinado pelo Papa Paulo II, pois em meados do século XV durante seu pontificado, perto do seu palácio, na Via Lata, se celebrava os festejos carnavalescos com máscaras, corridas de cavalos, carros alegóricos e batalha de ovos, farinha e água entre os participantes!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...